A Voz do Professor
A Voz do Professor

                Espaço aberto a testemunhos de profissionais em matéria educativa e de opiniões. O olhar atento do professor sobre o que acontece no seu espaço de trabalho, ajuda os alunos a se formarem melhor e aos colegas a possibilidade de estarem informados.

 

 

O papel do professor e dos pais e a motivação dos alunos

“Diz-me e eu esquecerei,

Ensina-me e eu lembrar-me-ei,

Envolve-me e eu aprenderei”,

Provérbio chinês

O papel de um professor é variado, complexo mas motivador. Pretende-se que um

professor seja inovador, dinâmico, comunicativo, crítico e “eficaz.” Ele deve ensinar mas

também educar, transmitir conhecimentos mas também incutir métodos, instrumentos

de trabalho e alguns valores fundamentais nos alunos, como, por exemplo, a

compreensão e o respeito pelo outro, a entreajuda ou a responsabilidade. E ainda

desenvolver o espírito crítico, a reflexão mas também a criatividade e a curiosidade em

termos de aprendizagem.

Entende-se que o professor proporcione um ensino motivador, que permita a

construção da aprendizagem dos alunos e que transforme o saber em saber fazer.

Mas como é que se desenvolve a motivação do aluno?

Primeiro, pensa-se que é necessário estabelecer um bom relacionamento entre o

professor e o aluno. O professor tem então de preocupar-se sobretudo com os seus

alunos e com uma gestão equilibrada da sala de aula e menos com o cumprimento do

programa. E, para isso, é então imperativo criar uma real empatia, usando o diálogo, a

interactividade. Valorizam-se então algumas qualidades humanas do professor como a

simpatia, o carisma, a sensibilidade ou ainda o sentido de humor.

Por outro lado, ele deve igualmente procurar estratégias de trabalho inovadoras,

actividades diversificadas e materiais apelativos para as suas aulas, de forma a suscitar

o interesse e motivar a participação dos alunos, facilitar a sua aprendizagem e alargar o

campo dos seus conhecimentos. Mas nem sempre lhe é possível alcançar os seus

objectivos, nem responder às expectativas de todos os alunos, o que transmite um

certo sentimento de frustração.

Por isso, cabe-lhe actualizar e aperfeiçoar os seus conhecimentos e debruçar-se

sobre o seu desempenho pedagógico, modificando ou corrigindo a sua actuação. O seu

papel é de grande responsabilidade e o processo educativo exige uma profunda reflexão

e uma grande disponibilidade, para poder apoiar os alunos, em particular os alunos com

necessidades educativas especiais ou com comportamentos inadequados e

perturbadores.

Mas todo este processo deve ser partilhado com os pais porque a educação e a

aprendizagem não podem ser reduzidas ao contexto escolar. A escola e o professor não

podem actuar isoladamente, devem dividir responsabilidades com a família do aluno. A

relação construída com os pais favorece o contacto, a troca e uma

educação/aprendizagem significativa. Esta articulação entre a escola e a vivência dos

alunos é realmente necessária. O professor precisa de conhecer os seus alunos para ter

em conta as histórias de vida de cada um e, desta maneira, estar mais próximo deles e

criar aulas enriquecedoras.

A educação está a atravessar uma certa crise. Verificamos que os alunos não

estão concentrados nem motivados e nem sempre demonstram prazer em aprender. E,

quando apuramos responsabilidades, normalmente a culpa recai sobre o aluno, que não

estuda e o próprio professor, que não motiva ou as matérias, que não são atractivas ou

não estão adaptadas à realidade profissional. Por vezes, recai sobre os pais, que não

acompanham suficientemente os filhos. Mas talvez não seja culpa de nenhum em

particular ou então talvez seja de todos ao mesmo tempo…

As causas principais, a meu ver, ultrapassam o âmbito escolar e advêm, por um

lado, do sistema social que temos construído. Valoriza-se a vida fácil, os bens de

consumo, uma certa superficialidade, em detrimento do trabalho, da dificuldade, do

esforço e do mérito. No entanto, é sabido que sem estudo ou sem trabalho não se

consegue alcançar o sucesso.

Por outro lado, não podemos deixar de referir também que os jovens sentem uma

grande preocupação em relação ao seu futuro profissional. E, talvez numa reacção de

defesa, optam pela facilidade e ficam-se pela rotina escolar, perdendo confiança nas

suas capacidades e interesse pelas aulas.

É urgente regressar ao trabalho, ao esforço, construindo projectos estimulantes,

enriquecedores, adequados às experiências de vidas e que permitam uma aprendizagem

significativa dos alunos.






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